Para o padre:
- Parece nervoso, senhor padre. Sente-se e conte-nos que passa...
Senhor crego, senhor crego
bote-me uma bendição
que venho de muito longe
p'ra ter o perdão de 'Dios'.
Gosto menos dos curas que o Togo....
Oi, eu tenho muita fe no Togo, se ele rosma para o sr cura......algo ocultará.....!!!
-Que se lhe oferece, padre Cosme? Quer tomar um vinho para variar?
A cara do cura muda. Agora parece que tragou algo muito amargo...
-Que adorável, Rosinha. Como sempre... Não obrigado. Já sabes que as pessoas que, como eu, nos dedicamos em corpo e alma a servir a Deus, não podemos frequentar certos... ambientes...
Com algo de medo, o cura olha para o cão, que embora mais tranquilo depois do toque da velha, continua a fitá-lo.
-Suponho que esse... bicho terá dono não é? Um cão nunca deve estar com a gente em casa. O seu lugar é fora. Mas em fim... Costumes bárbaros e pouco cristãos...
-Eu só vinha por aqui na procura do alcaide. Sei que tem o duvidoso costume de deixar-se cair por estes pagos... Duarte, sim, tu! Não te agaches por trás do baralho que vem te vejo... Sabes por onde anda o teu chefe? Tenho na casa uns presuntos que lhe queria vender a bom preço...
Duarte levanta a cabeça de novo, com algo parecido ao medo na cara.
-Pois não, Dom Cosme. Mas se o vejo já lhe dou o recado...
Ao entrar o cura, Oana vira-se e um rapido gesto de fartura cruza a sua cara ponhendo os olhos em branco. A partir desse momento a sua face volta a ser impassível, mas quando o cura começa a conversar com o grupo, Oana como finjindo ajudar a Senhora Ermelinda aparta-se também cara a cozinha.
O cura segue com a olhada àquela rapariga tão estranha que se vai para a cozinha, como se a sua presença a desgostara...
-Bom, pois nada. Volto para a igreja. Duarte, se o vês dá-lhe o recado, ouviche? -di com autoridade dirigindo-se ao homem armado com uma besta.
Depois, dirigindo-se à concorrência em geral retruca:
-Como imagino que provavelmente não os verei pola casa de Deus, despido-me agora de todos vocês. Fiquem com ele e boa noite tenham. Subveniat, qusesumus, Domine, tuae benedictionis gratia huic ovorum
creaturae.
E, sem mais, gira-se e desaparece.
Depois de o clérigo ter ido embora, o ambiente já não volta a ser o mesmo. O lume do fogar vai-se debilitando e a noite fai-se dona e senhora de Casas Velhas e da pousada. Pouco a pouco, os paroquianos vão-se indo para os seus quartos. Todos menos Duarte, que tem casa na aldeia e o coitado do Togo, ao que lhe toca dormir na quadra, com os cavalos.
Passam as horas e o silêncio campa no local, só roto de quando em vez polo latido longínquo de um cão ou o canto monocorde de alguma ave nouturna.
E assim chega a meia-noite...
FIM DA CENA
Cada um de vós está no seu quarto, ou seja, nas cenas independentes que vos criei. Espero que sejam cómodas :-)
Tendes que ir a elas e contar-me o que fazedes nesse tempo entre que vos ides da sala comum e que vos deitades a dormir.
Se queredes fazer alguma tirada para experimentar as vossas habilidades, também podedes. Assim ides vendo como funcionam os dados.